quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Não À Usina de Belo Monte!


Hoje é o Rio Xingu, amanhã é o Amazonas. Vamos logo assinar a petição do Movimento Gota D'água para acabar com isso!

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Vamos derrubar a Usina de Belo Monte!



É a Gota D' Água +10 from Movimento Gota d' Agua on Vimeo.

Vamos botar abaixo essa concretização do desrespeito aos nossos povos indígenas! Entrem no sítio Movimento Gota D'água e assinem a petição para acabar com essa palhaçada!

A ganância nunca deve ser maior que o valor de uma vida sequer!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Índia sendo expulsa por policiais de suas terras

Justiça decide por continuidade da construção da usina de Belo Monte

O Ministério Público Federal vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal pelo direito dos povos indígenas de serem consultados em empreendimentos que afetem diretamente sua sobrevivência, como é o caso da usina de Belo Monte, autorizada pelo Congresso Nacional sem ouvir os índios. Em julgamento hoje no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, a desembargadora Maria do Carmo Cardoso desempatou a questão a favor do governo: “pouco importa se a consulta é feita antes ou após a autorização”, disse.

A desembargadora foi a última de três juízes a se manifestarem sobre o processo que defende consulta prévia para aprovação de Belo Monte, iniciado em 2006 pelo MPF no Pará. Em seu voto, afirmou que as consultas são um “privilégio” dos povos indígenas, porque em outras obras do mesmo tipo as comunidades afetadas “não seriam ouvidas”. A interpretação de Cardoso tomou 15 minutos da sessão de hoje, 9 de novembro, da 5ª Turma do TRF1 e acompanha o voto do desembargador Fagundes de Deus, que também havia votado a favor do governo federal na sessão da semana passada.

Ambos têm entendimento oposto ao da relatora Selene Almeida, que na primeira sessão do julgamento, ainda em outubro, num voto de mais de 2 horas, sustentou que a Constituição brasileira e a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho prevêem como direito fundamental dos povos indígenas as consultas prévias, livres e informadas em projetos e obras que lhes afetem diretamente.

“Apenas quando a consulta prévia concede as comunidades interessadas a real oportunidade de manifestar sua vontade e influir na tomada de decisão, é válida. O diálogo deve servir para que as populações tradicionais participem das decisões que de fato tenham a ver com o seu desenvolvimento”, disse Selene Almeida.

“Sugerir que a consulta pode ser feita após a autorização é tão desrespeitoso que chega a ser absurdo. Temos convicção de que esse não é o sentido do artigo 231 e da Convenção 169. A consulta não tem nada de privilégio, é uma questão de sobrevivência dos povos indígenas assegurada pela Constituição Federal, da qual não pode se afastar o Judiciário””, diz o procurador-chefe do MPF no Pará, Ubiratan Cazetta.

“Nos causou surpresa porque o resultado desse julgamento é contrário ao que o próprio TRF1 tinha decidido, no mesmo processo (em exame liminar) no ano de 2006. Agora só resta o Supremo Tribunal Federal para nos dizer se a Constituição é válida ou não no Brasil”, acrescentou o procurador da República Felício Pontes Jr, um dos autores da ação que pedia a observância do direito de consulta.

Todos os estudos sobre Belo Monte, inclusive os oficiais, apontam para a mesma conclusão: haverá mudança drástica na cadeia alimentar e econômica das populações indígenas afetadas pela usina. A mudança de vida vai ser provocada por vários fatores, como aumento da pressão fundiária e desmatamento no entorno, meios de navegação e recursos hídricos comprometidos ou suprimidos, atividades econômicas - pesca, caça e coleta afetadas, estímulo à migração indígena (da terra indígena para núcleos urbanos), aumento da vulnerabilidade da organização social, aumento das doenças infectocontagiosas e zoonoses.

Depois que o acórdão for publicado pelo TRF1, o MPF tem 15 dias para recorrer ao Supremo por meio de um Recurso Extraordinário. Outras dez ações contra a construção de Belo Monte ainda tramitam na Justiça.

Fonte: MPF/PA

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Fotos da apresentação no Festival de Cultura da UFC 2011

A apresentação no Bosque das Letras (18/10/2011) foi maravilhosa! O público nos apoiou muito, inclusive formaram uma roda de dança! Parabéns a todos nós, incluindo os espectadores, que não deixam de ser membros indiretos do grupo!











segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Davi Kopenawa Yanomami


Davi Kopenawa Yanomami é sem dúvida um dos líderes indígenas mais conhecidos e reconhecidos do mundo.

Acaba de regressar ao Brasil com seu filho Dário de uma viagem pela Grã-Bretanha e Alemanha, convidados pela organização de defesa dos povos indígenas Survival Internacional. Em Londres se reuniram com o Primeiro Ministro Gordon Brown e falou ante a Câmara dos Comuns.

Lhe encontramos na cidade de Boa Vista, a capital do estado brasileiro de Roraima, mais concretamente na sede de Hutukura, a organização indígena da qual é presidente e que foi criada pelos próprios yanomami para defender sua cultura.

Depois de nos avisar que seu português ainda não é fluente mas suficiente para nos comunicar, inicia uma conversação em que nos fala com simplicidade porém com a profundidade de quem tem as coisas claras, sem deixar margem ao relativo: “isto é bom e isto não é” nos diz com firmeza, sua mensagem é muito clara: “Se o homem branco seguir assim e não mudar, não só vai destruir aos yanomami senão a todo o planeta”.

ENTREVISTA COM DAVI KOPENAWA YANOMAMI
Índios e brancos falamos línguas diferentes, vivemos longe uns dos outros e não nos conhecemos. Meu povo não conhece os brancos que vivem na cidade e os brancos não conhecem os índios que vivem na selva. Somos poucos os que falamos português, e estamos aqui para defender a selva e nossos direitos.

Por isso quero explicar aos brancos como é o povo yanomami.

O povo yanomami não veio viver no Brasil, nascemos aqui, na selva, meu povo é antigo, somos filhos de Omama, o criador.

Na floresta cada povo tem seu espaço, não vivemos amontoados como os brancos, vivemos distribuídos pela selva, nossa cultura e costumes nos dizem que é melhor viver assim, isolados uns dos outros.

Minha casa não é como estas casas da cidade, minha casa é a maloca, redonda como o planeta, nela vivemos toda a comunidade. Nunca faltou nada para os yanomami, sempre tivemos comida, sempre trabalhamos, porém não para vender, para comer, nós trabalhamos para alimentar nossa comunidade, plantamos banana, macaxeira, cana de açúcar, mamão,... para alimentar aos yanomami, ninguém vende.

A selva é nossa cidade, não necessitamos de sua cidade, porém sim necessitamos da selva, é a que nos dá vida, alegria, saúde, alimento,... tudo.

Não temos médicos, cada comunidade tem seu pajé, o curandeiro, um médico indígena que utiliza a natureza para curar, ele chama os espíritos da selva. Eu também sou pajé, aprendi com meu grande pajé, aprendi com ele.

Nas aldeias somos livres, caçamos, chamamos aos amigos, nos reunimos, fazemos festa, nas aldeias a vida é muito boa.

Assim viveu e segue vivendo meu povo.

Porém chegou o branco e trouxe problemas, chegaram os políticos provocando, roubando a terra, destruindo a natureza, levando doenças para as comunidades.

Hoje estamos preocupados porque o governo está se aproximando cada vez mais, os latifundiários estão entrando cada vez mais, estão abrindo estradas para que circulem carros, caminhões, ônibus,... Isso é costume dos brancos porém não dos índios.

O branco chega porque já destruiu suas terras e sua floresta. Fez buracos buscando riquezas, combustíveis,... suja tudo e quando chove toda a sujeira vai ao mar, o mar se suja e adoece também. Essa idéia dos brancos, esse costume dos brancos, é por causa disso que todos estamos sofrendo, todos, não só os indígenas, os próprios brancos também. O branco capitalista tem empresa grande, tem casa com piscina, carro,... tem tudo, porém o branco pobre que não tem casa, não tem comida, não tem onde plantar,... não tem nada.

Nós yanomami podemos ajudar ao mundo do branco porém não nos querem ouvir. Nós dizemos aos políticos brancos: “homem branco é muito inteligente porém não consegue cuidar da natureza, não consegue ver longe, não consegue descobrir o que está passando ao seu redor, na terra só vê o brilho das pedras preciosas,..”, porém não busca uma maneira de que todos vivam bem, não busca um futuro melhor para todos, só pensa no dinheiro, em talhar a selva e vender a madeira.

Para nós, indígenas, a terra é nosso pai e mãe, ela nos cuida, nos dá comida, deixa crescer as plantas que semeamos, por ela correm os rios, a chuva que lava e refresca,...

Os povos indígenas nunca destruíram a natureza, nossos pais tiveram muita sabedoria e não deixaram que fosse destruída. Quem a criou nos deu ordenes: “vós sois povos indígenas, não podeis destruir a grande selva, se a destrói o calor do sol os queimará, ficarão enfermos, acabará a água, as plantas morrerão”, assim a natureza nos explicou que temos que cuidar e não deixar que seja destruída.

A natureza também falou com o branco, “homem branco, tenha cuidado com a floresta, use-a com muito cuidado, ela tem vida”, porém o branco não escuta.

O governo só consegue ouvir outros governos, não acredita no que lhe falamos, diz aos indígenas: 'veja índio, vocês não tem direito a viver nestas terras, a selva não é sua'. O governo nos quer emprestar a floresta, porém a floresta é nossa própria terra onde vivemos, não é algo que nos possa emprestar. Nós vamos seguir vivendo e morrendo nela, vamos manter a floresta para o futuro.

Dos políticos brancos aprendi que são fortes porém os indígenas também temos que ser, não podemos permitir que nos enganem, que nos manipulem, temos que ser inteligentes. O branco muitas vezes diz que os indígenas são preguiçosos, que não sabemos nada, que não pensamos, porém o indígena sabe tudo de uma maneira diferente, nossa sabedoria é diferente da do branco. Quem fala contra os indígenas é gente que não tem respeito, nossos pais nos ensinaram a respeitar porém o branco está sempre tentando criar inimigos, não respeita.

Estamos aprendendo, não lutamos em solitário, vocês também podem aprender e lutar para não deixar que a terra seja destruída pelo governo, pelos latifundiários, pelos garimpeiros (buscadores de ouro e diamantes),.... Isso já ocorreu em outros lugares, fico muito chateado com os brancos que maltrataram os irmãos indígenas dos Estados Unidos. Primeiro mataram lá e agora está ocorrendo aqui.

Eu gostaria que vocês nos olhassem e falassem fora que também somos pessoas, somos gente, índio não é selvagem, índio não é animal, somos pessoas, temos família, temos filhos, temos vida e pensamentos, somos os indígenas quem protegemos os bosques, se acabam com os índios também acabarão com as florestas, por isso vocês também devem estar atentos, seus parentes, seus amigos,... A selva amazônica é importante para nós e também para vocês, para o futuro de todos, é o pulmão do planeta.

Nós índios estamos necessitando de ajuda, ajuda política para pressionar ao governo brasileiro porque fazem projetos perigosos que não são bons para os indígenas, trazem a nossas terras boiadeiros e companhias mineradoras, vi no passado as companhias mineradoras fazer grandes buracos na terra, sempre destruindo e isso não queremos mais.

Também estamos necessitando de ajuda para manter a cultura. Os yanomami falam seu idioma, vivem em malocas, utilizam pinturas,... Muitos parentes (outros povos indígenas) já perderam o idioma, querem imitar o branco vestindo-se como ele, vivendo em casas, tomando café com leite e açúcar, tomando cerveja,... perderam sua cultura e a substituíram pela do branco. Quando se perde a cultura não tem retorno, é como uma árvore cortada pela raiz. Por isso criamos Hutukara, a associação que defende a cultura yanomami, e estamos procurando organizações e pessoas que possam ajudar economicamente para levar adiante esta tarefa e para fortalecer o movimento indígena.